A
ciência agronômica surgiu no Brasil, na segunda metade do século XIX,
resultante da gradativa extinção da escravidão, do declínio da
cana-de-açúcar no nordeste e da pecuária no sul. A aristocracia agrária
em processo de decadência, no nordeste devido ao deslocamento do eixo
econômico do país para o sudeste, com a lavoura do café, pressionava
continuamente o governo imperial, na busca de uma solução para o
problema de mão-de-obra, comércio e competitividade de seus produtos
agrícolas. Desta situação, nasceu em 1859 o Imperial Instituto Baiano de
Agricultura, com o objetivo de desenvolver uma tecnologia capaz de
substituir a mão-de-obra escrava e melhorar a produção das lavouras. No
ano de 1875, também na Bahia, foi fundada a primeira escola de Agronomia
no Brasil, na comunidade de São Bento das Lages. Esse curso está hoje
integrado a Universidade Federal da Bahia, no campus de Cruz das Almas,
no interior do estado. A segunda escola foi criada em Pelotas, no Rio
Grande do Sul, no ano de 1883. Hoje, é parte integrante da Universidade
Federal de Pelotas. As duas primeiras escolas de Agronomia no Brasil foram criadas,
portanto, ainda no governo imperial, vinculadas aos interesses da
aristocracia agrária. Após o surgimento da Agronomia, o sistema de produção agrícola, passou a
receber incrementos crescentes de recursos externos. A posse do saber
agrícola, historicamente acumulado no homem do campo, foi gradativamente
deslocada para os meios intelectuais e incorporada na tecnologia, na
condição de propriedade do capital, aprofundando a divisão entre a
concepção e a execução do processo produtivo, restando para o homem do
campo o trabalho braçal. Na região sudeste, a presença da mão-de-obra imigrante, substituindo a
mão-de-obra escrava, e o domínio absoluto do café brasileiro no comércio
internacional retardaram a demanda pela Agronomia. Do início do Brasil Republicano até o período do pós-guerra,
aproximando-se dos anos sessenta, a agricultura essencialmente
agroexportadora e a oligarquia que a comandava foram perdendo força. O
espaço agrícola foi também sendo ocupado pela agricultura diversificada,
praticada pela força do trabalho familiar e direcionada ao mercado
interno, em substituição às importações. Nesse período, a ciência
agronômica, inteiramente vinculada ao estado, era comandada a partir do
Ministério da Agricultura que fomentava a produção agrícola
diversificada. A tecnologia era importada e, prioritariamente, dirigida à
atividades como o beneficiamento do café e do algodão. Vale a pena
ressaltar que o ensino de Agronomia no Brasil só foi criado e
regulamentado, oficialmente, 35 anos após o surgimento da primeira
escola, através do Decreto n° 8.319, de 20 de outubro de 1910. O
principal objetivo desse decreto, que regulamentou o ensino, foi o de
disciplinar a formação de mão-de-obra para a agricultura. Muito
diferente de preocupar-se com a formação profissional do Engenheiro
Agrônomo voltado para o desenvolvimento agrário, o decreto não deixava
dúvida sobre o papel deste profissional nas políticas de governo. “O
ensino agronômico visa a instrução técnica para o desenvolvimento das
grandes propriedades”. Não fazia qualquer menção às questões sociais do
campo e à agricultura familiar. Na década de sessenta, a
agricultura brasileira começou a sofrer uma acentuada transformação
tecnológica, orientada por um processo de internacionalização baseada em
pacotes tecnológicos, gerados a partir da Revolução Verde e difundidos
mundialmente pelo capital multinacional. O novo modelo agrícola,
priorizava a produção de culturas de exportação, fornecedoras de matéria
prima para o processamento industrial. A agricultura ficou comprimida,
transformando-se num sub-setor industrial, compondo a agroindústria.
Esse processo de transformação passou a ser chamado de modernização da
agricultura. O ensino da Agronomia, que era controlado pelo Ministério
da Agricultura, passou para o Ministério da Educação e Cultura, através
do Decreto n° 60.731, de 19 de maio de 1967. Hoje, existem no Brasil 70 cursos de Agronomia funcionando
regularmente. Esses cursos, no seu conjunto, oferecem, aproximadamente,
seis mil vagas por ano. O reconhecimento do trabalho do Engenheiro Agrônomo só veio acontecer
muito tempo após o surgimento da Agronomia no Brasil. Em 12 de outubro
de 1933, o Decreto presidencial no 23.196 regulamentou o exercício da
profissão de Agronomia. Portanto, somente cinqüenta e oito anos após a
criação da primeira escola de Agronomia, é que foi oficializada a
existência desse profissional. Esta data da regulamentação da profissão, 12 de outubro, passou a ser adotada pela categoria como o dia do Engenheiro Agrônomo.
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