segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Cientistas Agrícolas Famosos

Gregor Mendel

Gregor Johann Mendel (Heinzendorf bei Odrau, 20 de julho de 1822 — Brno, 6 de janeiro de 1884) foi um monge agostiniano, botânico e meteorologista austríaco. Durante a sua vida, Mendel publicou dois grandes trabalhos agora clássicos: "Ensaios com plantas híbridas" (Versuche über Planzenhybriden), que não abrangia mais de trinta páginas impressas e "Hierácias obtidas pela fecundação artificial". Em 1865, formula e apresenta em dois encontros da Sociedade de História Natural de Brno as leis da hereditariedade, hoje chamadas Leis de Mendel, que regem a transmissão dos caracteres hereditários. Após 1868, as tarefas administrativas mantiveram-no tão ocupado que não pode dar continuidade às suas pesquisas, vivendo o resto da sua vida em relativa obscuridade. É conhecido como "Pai da Genética" atualmente.

Biografia: Nasceu na vila de Heinzendorf bei Odrau (hoje chamada Vražné, no distrito de Nový Jičín), região de Troppau (hoje chamada Opava), na Silésia, que então pertencia ao Império Austríaco. Foi batizado a 22 de julho, data que muitas vezes se confunde com a sua data de nascimento, e era de uma família de humildes camponeses. Na sua infância revelou-se muito inteligente; em casa costumava observar e estudar as plantas. Sendo um brilhante estudante a sua família encorajou-o a seguir estudos superiores, e, aos 21 anos, a entrar num mosteiro da Ordem de Santo Agostinho em 1843 (atual mosteiro de Brno, hoje na República Checa) pois não tinham dinheiro para suportar o custo dos estudos. Obedecendo ao costume ao tornar-se monge, optou um outro nome: "Gregor". Então Mendel tinha a seu cargo a supervisão dos jardins do mosteiro. Estudou ainda, durante dois anos, no Instituto de Filosofia de Olmütz (hoje Olomouc, República Checa) e na Universidade de Viena (1851-1853). Mas Mendel não só se interessou nas plantas, ele também era meteorologista e estudou as teorias da evolução. Ao longo da sua vida foi membro, director e fundador de muitas sociedades locais: director do Banco da Morávia, foi fundador da Associação Meteorológica austríaca, membro da Real e Imperial Sociedade da Morávia e Silésia para melhor agricultura, entre outras. Morreu a 6 de Janeiro de 1884, em Brno, no antigo Império Austro-Húngaro hoje República Checa de uma doença renal crónica; um homem à frente do seu tempo, mas ignorado durante toda a sua vida.

Experiências com cruzamento de plantas

Estátua de Gregor Mendel no convento de Brno

Desde 1843 a 1854 tornou-se professor de ciências naturais na Escola Superior de Brno, dedicando-se ao estudo do cruzamento de muitas espécies: feijões, chicória, bocas-de-dragão, plantas frutíferas, abelhas, camundongos e principalmente ervilhas cultivadas na horta do mosteiro onde vivia analisando os resultados matematicamente, durante cerca de sete anos. Gregor Mendel, "o pai da genética", como é conhecido, foi inspirado tanto pelos professores como pelos colegas do mosteiro que o pressionaram a estudar a variação do aspecto das plantas. Propôs que a existência de características (tais como a cor) das flores é devida à existência de um par de unidades elementares de hereditariedade, agora conhecidas como genes.
Abelhas: Após o estudo com ervilheira Mendel dedicou-se ao estudo das abelhas, tentando estender as suas conclusões para os animais. Produziu uma estirpe híbrida entre abelhas do Egipto e da América do Sul que produziam um mel considerado excelente, contudo eram muito agressivas, picando muitas pessoas dos arredores, e foram destruídas. Mendel continuou a dedicar-se ao passatempo de apicultura, mesmo após ser eleito abade do Mosteiro de Brno, tendo inclusive fundado a Sociedade de Apicultura de Brno.

Louis Pasteur



Louis Pasteur (Dole, 27 de dezembro de 1822 — Marnes-la-Coquette, 28 de setembro de 1895) foi um cientista francês. Suas descobertas tiveram enorme importância na história da química e da medicina. É lembrado por suas notáveis descobertas das causas e prevenções de doenças. Entre seus feitos mais notáveis pode-se citar a redução da mortalidade por febre puerperal, e a criação da primeira vacina contra a raiva. Seus experimentos deram fundamento para a teoria microbiológica da doença. Foi mais conhecido do público em geral por inventar um método para impedir que leite e vinho causem doenças, um processo que veio a ser chamado pasteurização. Ele é considerado um dos três principais fundadores da microbiologia, juntamente com Ferdinand Cohn e Robert Koch. Pasteur também fez muitas descobertas no campo da química, principalmente a base molecular para a assimetria de certos cristais. Seu corpo está enterrado sob o Instituto Pasteur em Paris, em um mausoléu decorado por mosaicos em estilo bizantino que lembram suas realizações.

Primeiros anos: Louis Pasteur nasceu em Dole no dia 27 de Dezembro de 1822. Seu pai foi sargento da Armada Napoleônica. Pasteur não foi um aluno especialmente aplicado ou brilhante na escola e nem mesmo na universidade. Quando era jovem, tinha um gosto especial pela pintura e fez diversos retratos de sua família. Aos dezenove anos abandonou a pintura para se dedicar à carreira científica, que perdurou por toda a sua vida. Em 1847 ele completou seus estudos de doutorados na escola de física e química em Paris.

Estudos e a influência na evolução da ciência: Iniciou seus estudos no Colégio Royal em Besançon, transferindo-se para a Escola Normal Superior em 1843 de Paris estudando química, física e cristalografia. Foi na cristalogia que Pasteur fez suas primeiras descobertas. Descobriu em 1848 o dimorfismo do ácido tartárico, ao observar no microscópio que o ácido racêmico apresentava dois tipos de cristais, com simetria especular. Foi portanto o descobridor das formas dextrógiras e levógiras, comprovando que desviavam o plano de polarização da luz no mesmo ângulo porém em sentido contrário. Esta descoberta valeu ao jovem químico, com apenas 26 anos de idade, a concessão da "Légion d'Honneur" Francesa. Após licenciar-se e assistir às aulas do grande químico francês Jean-Baptiste Dumas, começou a se interessar pela química. Exerceu o cargo de professor de química em Dijon e depois em Estrasburgo. Casou-se com Marienne Laurente, filha do reitor da Academia. Em 1854 foi nomeado decano da Faculdade de Ciências na Universidade de Lille. A pedido dos vinicultores e cervejeiros da região, começou a investigar a razão pela qual azedavam os vinhos e a cerveja. De novo, utilizando o microscópio, conseguiu identificar a bactéria responsável pelo processo. Propôs eliminar o problema aquecendo a bebida lentamente até alcançar 48° C, matando, deste modo, as bactérias, e encerrando o líquido posteriormente em cubas hermeticamente seladas para evitar uma nova contaminação. Este processo originou a atual técnica de pasteurização dos alimentos. Demonstrou, desta forma, que todo processo de fermentação e decomposição orgânica ocorre devido à ação de organismos vivos. Na Inglaterra, em 1865, o cirurgião Joseph Lister aplicou os conhecimentos de Pasteur para eliminar os micro-organismos vivos em feridas e incisões cirúrgicas. Em 1871, o próprio Pasteur obrigou os médicos dos hospitais militares a ferver o instrumental e as bandagens que seriam utilizados nos procedimentos médicos. Expôs a "teoria germinal das enfermidades infecciosas", segundo a qual toda enfermidade infecciosa tem sua causa (etiologia) num micróbio com capacidade de propagar-se entre as pessoas. Deve-se buscar o micróbio responsável por cada enfermidade para se determinar um modo de combatê-lo. Pasteur passou a investigar os microscópicos agentes patogênicos, terminando por descobrir vacinas, em especial a anti-rábica. Fundou em 1888 o Instituto Pasteur, um dos mais famosos centros de pesquisa da atualidade. Pasteur foi quem derrubou definitivamente a ideia da geração espontânea aristotélica, com a utilização de uma vidraria chamada pescoço de cisne. Pasteur colocou um caldo nutritivo em um balão de vidro, de pescoço curvo. Ferveu o caldo existente no balão, o suficiente para matar todos os possíveis microrganismos que poderiam existir nele. Cessado o aquecimento, vapores da água proveniente do caldo condensaram-se no pescoço do balão e se depositaram, sob forma líquida, na sua curvatura inferior. Como os frascos ficavam abertos, não se podia falar da impossibilidade da entrada do "princípio ativo" do ar. Com a curvatura do gargalo, os micro-organismos do ar ficavam retidos na superfície interna úmida e não alcançavam o caldo nutritivo. Quando Pasteur quebrou o pescoço do balão, permitindo o contato do caldo existente dentro dele com o ar, constatou que o caldo contaminou-se com os microrganismos provenientes do ar. Morreu em Villeneuve-L'Etang no dia 28 de Setembro de 1895. Encontra-se sepultado no Instituto Pasteur, Ilha de França, Paris na França.

Norman Borlaug




Norman Ernest Borlaug (Cresco, 25 de março de 1914 — Dallas, 12 de setembro de 2009) foi um agrônomo estadunidense. Borlaug formou-se em agronomia pela Universidade de Minnesota em 1942, graduando-se em genética e patologia vegetal. Foi para o México e engajou-se em pesquisas que resultaram no desenvolvimento de diversas cultivares de trigo de alta resistência e produtividade. Graças à aplicação prática do resultado das pesquisas de Borlaug, em 1963 o México se tornou exportador de trigo. Posteriormente, essas variedades de trigo foram introduzidas por Borlaug na Índia e no Paquistão, sendo que a produção de trigo destes dois países dobrou entre 1965 e 1970. Mais recentemente, ajudou a levar estes métodos de aumento da produção agrícola para outros países asiáticos e para a África. Borlaug tem sido um perseverante defensor de seus métodos e da biotecnologia em geral para aumentar a produtividade agrícola. No entanto, ele tem sido criticado tanto do ponto de vista econômico quanto do ambientalista. Normam rejeitou tais críticas como infundadas ou não-verdadeiras. Em 1986 criou o Prêmio Global de Alimentação, destinado a premiar pessoas que contribuam para melhorar a quantidade, a qualidade ou a disponibilidade de alimentos no mundo. A Academia Sueca, a organização que gerencia o Prêmio Nobel, reconheceu o trabalho de Borlaug como agrônomo e humanitário ao conceder-lhe o Prêmio Nobel da Paz, em 1970. Borlaug foi uma das cinco pessoas que ganharam o Prêmio Nobel da Paz, a Medalha Presidencial americana da Liberdade e a Medalha de Ouro do Congresso americano. Também recebeu o Padma Vibhushan, a segunda mais alta honraria civil da Índia. Após ter obtido seu doutorado em fitopatologia e genética pela Universidade de Minnesota em 1942, Borlaug trabalhou como pesquisador agrícola no México, onde desenvolveu a variedade de trigo semi-anão de alto rendimento, resistente a doenças fúngicas. Como resultado, o México tornou-se um exportador líquido de trigo em 1963. A seguir, Borlaug introduziu variedades de alto rendimento e técnicas modernas de produção agrícola no Paquistão e na Índia. Entre 1965 e 1970, a produção de trigo quase dobrou no Paquistão e na Índia, melhorando consideravelmente a segurança alimentar desses países. Estes aumentos na produtividade e produção agrícolas de meados do Século XX foram chamados de Revolução Verde. Estima-se que o trabalho de Borlaug tenha salvo da inanição entre 245 milhões e 1 bilhão de vidas em todo o mundo. Em reconhecimento à sua contribuição para a paz mundial através do aumento do fornecimento de alimentos ele foi premiado com o Nobel da Paz em 1970.Mais tarde, ele ajudou a aplicar estes métodos de produção de alimento na Ásia e África. Borlaug defendeu o uso dos métodos técnico científicos da Revolução verde e agora da biotecnologia com o objetivo de diminuir a fome mundial. Entre as críticas ambientais e socioeconômicas que têm enfrentado estão as de que seus métodos criaram dependência de monoculturas em muitos países, que as técncias de agricultura são insustentáveis no longo prazo, que elas levam ao endividamento dos agricultores de subsistência, e que provocam níveis elevados de câncer entre as pessoas que trabalham com produtos químicos da agricultura. Boralug rejeitou enfaticamente muitas destas acusações como infundadas ou falsas.
Em 1986, Borlaug criou o Prêmio Mundial da Alimentação, destinado a reconhecer os indivíduos que melhorem a qualidade,a quantidade e a disponibilidade de alimentos em todo o mundo.

História e Significado – do símbolo da Agronomia e do símbolo da FEAB

O primeiro símbolo da profissão do Engenheiro Agrônomo surgiu em 1946 por ocasião da regulamentação da profissão e era uma engrenagem – simbolizando a engenharia – com um arado dentro – simbolizando a agricultura. Em 1963 ele foi reformulado, ganhando mais detalhes e escrito “Engenheiro Agrônomo” ao longo da engrenagem.


1946


1963


1969

O símbolo que persiste até hoje e ganhou alcance nacional surgiu em 1969, no VI CBA – Congresso Brasileiro de Agronomia realizado pela FAEAB (Federação das Associações dos Engenheiros Agrônomos do Brasil), realizado em Porto Alegre/RS. Na época a FAEAB tinha um debate mais progressista e crítico, sendo anos depois uma das organizações que apoiou a fundação da nossa FEAB e estivemos lutando juto em torno de várias pautas, principalmente nas críticas à revolução verde e a construção da Agricultura Alternativa no país. Durante os anos oitenta a FAEAB foi sofrendo mudanças políticas e mudou bastante, mas isso já é outra história. Os “A” do símbolo representam as Associações de Engenheiros-Agrônomos dos Estados filiados à FAEAB, mostrando no seu conjunto a união das mesmas nas soluções dos problemas das Associações, dos Agrônomos, da Agronomia, da Agricultura, da Agropecuária e da Agroindústria. Finalmente o símbolo da FEAB, a Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil. Nosso símbolo é um aprimoramento do símbolo da profissão. Ao invés de “deitado”, com duas de suas pontas tocando uma linha horizontal imaginária, ele tem a orientação vertical, ficando com apenas uma extremidade embaixo e outra apontando pra cima. Esse é o símbolo do Movimento Estudantil da Agronomia e sua posição é essa para dar idéia de movimento e renovação constantes, ao contrário do outro símbolo que dá a impressão de estar estático, parado. Está presente na bandeira da FEAB, em nossos cartazes e materiais.
Símbolo da FEAB

Pode parecer uma diferença sutil mas em diversas universidades do país fica claro qual símbolo é de quem. Enquanto estudantes organizados utilizam o símbolo da FEAB, os professores, direção, e demais conservadores fazem questão de usar a versão original do símbolo. É só fazer uma rápida pesquisa pra ver que as organizações que promovem o agronegócio e o latifúndio se utilizam do primeiro símbolo. O símbolo invertido lembra também a nossa maneira crítica de observar e construir os vários “A” que estão representados, sob a perspectiva de transformação da sociedade como um todo.

A Agronomia Moderna

As primeiras referências sobre teorização agronômica apareceram nos “Cursos de Agricultura”, de Adrien de Gasparin (1848), graças às contribuições da física, das ciências biológicas e, sobretudo, da química. Tratou-se, no entanto, de conhecimentos ainda fragmentados, analítico-experimentais, onde o solo, a planta, o clima, as técnicas foram consideradas separadamente e referidas a condições particulares. Nesse período, cristalizou-se uma agronomia prescritiva e normativa. A pesquisa (teorização) agronômica foi fortemente influenciada, no seu início, pelo desenvolvimento da química agrícola, particularmente pelos trabalhos pioneiros de Liebig (1840). Esta disciplina deixou marcas até hoje bem perceptíveis. Mais recentemente, já na primeira metade do século XX, a fisiologia vegetal também passou a exercer uma influência crescente nos processos agronômicos. Nos anos 1960, surge na Europa (França, particularmente) a agronomia moderna, com S. Henin, discípulo de Bachelard, através de seus estudos sobre a instabilidade estrutural dos solos. Essa vertente rompeu com a visão normativa e setorial da agronomia, propondo uma abordagem global e teorizada do conjunto formado pela população vegetal, o solo, o clima e as técnicas dos cultivos, e subordinando as observações e os dados coletados a uma construção intelectual. Com Henin e seus discípulos na Europa, os métodos agronômicos ganharam impulsão baseados em três eixos: a) a experimentação; b) a observação e o acompanhamento de situações controladas; e c) a análise e diagnóstico de situações regionais. No que se refere a esse último eixo, um agrônomo referencial é René Dumont, que no final da década de 1950 desenvolveu métodos para tornar mais compreensíveis as técnicas agrícolas em relação a uma visão global de exploração, fundando uma tecnologia agrícola comparada que representa ainda hoje um segmento da agronomia mundial. A abordagem globalizante da ecologia deu à agronomia a definição mais ampla de uma  “ecologia aplicada à produção das populações de plantas cultivadas e ao melhoramento dos solos agrícolas” (Henin apud Deffontaines, 1992). Surge, então, o que se pode chamar de agronomia moderna. Apoiando-se nessa definição, as pesquisas agronômicas começaram  a ser desenvolvidas em duas direções. Uma delas, apoiando-se no aprofundamento dos conhecimentos sobre os mecanismos inerentes ao sistema formado pelo clima, o solo e a planta, e também nos conhecimentos básicos adquiridos por diversas disciplinas, tais como a fisiologia vegetal, a bioclimatologia e a pedologia. Esses conhecimentos constituíram uma visão da agronomia como “ciência de um conjunto complexo de fenômenos ligados entre si e cuja exteriorização, em nível de campo, é subordinada à dependência de um fator aleatório, o clima” (Henin e Sebillote apud Deffontaines, 1992). Essa formulação, restritiva em relação àquela de Henin, em 1967, define um ponto de vista ecofisiológico da agronomia. A outra direção dada à pesquisa/interesse agronômico levou em conta as intervenções técnicas e os objetivos dos agricultores, manifestando um outro ponto de vista sobre a agronomia que é definido como “uma abordagem simultaneamente diacrônica e sincrônica das relações no interior de um conjunto constituído pela população vegetal, o clima, o solo e submetido à ação do homem em vista de uma produção” (Sebillote apud Deffontaines, 1992). Mais recentemente, já praticamente na década de 1970, essa última direção mencionada acabou por influenciar outra perspectiva muito próxima: o interesse pela diversidade local e regional das condições de produção e de melhoria dos solos. Essas pesquisas são definidas como  “análise descritiva e explicativa de fenômenos (técnicos) agrícolas observados em áreas geográficas variadas, com o objetivo de esclarecer os processos de adoção de inovações técnicas”(Deffontaines, 1972). Essa definição realça o conhecimento e a compreensão das múltiplas modalidades e das intervenções técnicas colocadas em prática pelos agricultores em meios ambientes diferentes; ela introduz o que se pode considerar como uma “finalidade de desenvolvimento”. No âmbito dessas discussões e do avanço do conhecimento agronômico, os agrônomos situam-se frente a duas funções principais: uma, avançar na elaboração do corpus teórico de referência da agronomia, produzindo uma teoria agronômica; outra, compreender as situações, fazer diagnósticos e avaliações que subsidiem a ação. Essa última função do agrônomo, que o leva a formular juízos sobre situações, traz conseqüências bem significativas para a profissão e para o desenvolvimento da área de conhecimento. Para julgar, é necessário fazer referência a um corpus teórico, mas levando em conta a situação na qual se encontra aquele que age, assim  como seus objetivos. A importância dada a uma ou a outra dessas funções está na origem de duas correntes atuais da agronomia, surgidas nos últimos 25-30 anos. Assim, no decorrer das décadas de 1970 e de 1980 assistiu-se à afirmação dessas duas correntes, uma da “ecofisiologia das plantas cultivadas” (ou corrente analítica) e, outra, de uma “tecnologia agrícola” (ou corrente global ou tecnológica). Na primeira perspectiva, a população de plantas e o meio (clima-solo) são os objetos científicos de base. O principal objetivo da pesquisa agronômica passa a ser o de definir as leis de variação dos estados da população e do meio no âmbito das combinações técnicas dadas. Pelo mundo afora, surgem importantes trabalhos sobre a modelização dos rendimentos de diferentes cultivos. A experimentação é o método adequado à validação de tais modelos, tendo a parcela como nível pertinente de análise. Na segunda perspectiva, não é a população de plantas o objeto central da pesquisa, mas a técnica. Essa é vista como nas suas conseqüências sobre a população de plantas e o meio, assim como nas condições de sua escolha. A técnica não é mais vista somente como um fator de produção, mas igualmente como um resultado, ou seja, produto de uma opção que depende de uma situação individual e que tem uma dimensão social. Os princípios da chamada “Revolução Verde” muito contribuíram para afirmar essa perspectiva. No âmbito específico da pesquisa agronômica, os trabalhos de experimentação com fertilizantes são emblemáticos. É, portanto, nesse contexto que surge de maneira clara o antagonismo técnicas versus práticas. Se por um lado, as técnicas podem ser analisadas, elaboradas, testadas independemente daqueles que as utilizam, as práticas não podem ser estudadas sem se levar em consideração as condições nas quais agem os agricultores, sem uma análise do contexto social, econômico e ecológico da ação. Neste contexto, a agronomia é cada vez mais conectada às “questões do meio ambiente”, já que seu próprio objeto de estudo se encontra no centro de muitas questões ou problemas ligados à esta questão-maior. De fato, a agronomia estuda, formaliza e concebe lógicas de ação técnica de produção vegetal, seja esta destinada ao consumo humano, animal ou à transformação agroindustrial. Um bom número dos problemas ambientais é oriundo de um questionamento das modalidades de ação técnica visando à produção agrícola (por exemplo, aqueles relacionados à natureza, localização, tempo/período e quantidades da produção, entre outras). Assim, o entendimento do que seja a agronomia, pelo viés de suas práticas, é reforçado pela dependência desta em relação ao processo dinâmico de funcionamento das populações vegetais cultivadas e do meio biofísico (sob efeito das praticas agrícolas). Neste sentido, a agronomia utiliza conhecimentos originados da agro-fisiologia, da pedologia e da bioclimatologia. Mas essas lógicas de ação são também de natureza organizacional, isto porque a agronomia utiliza igualmente os conhecimentos oriundos das ciências da gestão, da economia, da sociologia e da antropologia, por exemplo. O exposto acima induz a reflexão a um novo entendimento da dualidade (técnica versus práticas ou lógicas de ação) permitindo pensar uma terceira perspectiva agronômica, ainda em fase de construção. Ela leva, necessariamente, a métodos de análise in situ, como por exemplo as pesquisas/diagnósticos de situações definidas. A agronomia começa a ser compreendida por alguns como uma disciplina capaz de trazer à luz o estado e o funcionamento dos sistemas técnicos em níveis mais englobantes, das cadeias agroalimentares, do conjunto das unidades de produção agrícola que estão sob a influência de uma cooperativa, de uma comunidade ou pequena região, até mesmo  de uma região maior e, em particular, na solução de problemas identificados  pelos “agentes de desenvolvimento”. Nesta “nova” perspectiva, as pesquisas diferem segundo a importância dada ao caráter operacional de seus resultados (ou seja, a aplicabilidade das tecnologias geradas). Nesse caso, surge a necessidade da pesquisa multi e interdisciplinar, variando as disciplinas segundo o caso. Os trabalhos que começam a surgir nessa perspectiva estão mais orientados para a ação, na direção da gestão técnica  individual ou coletiva. Essa orientação na perspectiva de uma “agronomia gestionária”, fundada  sobre uma bidisciplinaridade, como por exemplo economia-agronomia, ou sociologia-agronomia, é sem dúvida uma das conseqüências importantes do trabalho de alguns grupos, no Brasil e no mundo, ainda que muito minoritários frente à tendência atual. Essa terceira perspectiva, muito recente, tem sido influenciada pela abordagem sistêmica e pela dimensão ecológica dos processos produtivos. Surge a agroecologia como um conjunto de princípios balizadores para a pesquisa agronômica, tentando resgatar valores como a conservação/preservação dos recursos naturais, a distribuição eqüitativa de recursos entre os atores sociais envolvidos na produção/consumo e a visão englobante ou sistêmica das coisas (Almeida, 1998;1999). Essa perspectiva passa a cobrar da disciplina agronomia uma abertura maior à reflexão multi e interdisciplinar.

Um pouco mais de História da Agronomia

Pode-se, grosso modo, estabelecer cinco fases para caracterizar o surgimento da agricultura (e da agronomia) no mundo. Essas fases se entrecruzam, coexistindo e sucedendo-se no tempo:
  • Primeira fase: trata-se do período de “sobrevivência” humana na terra, da prática da coleta, da caça, do cultivo primitivo sobre queimadas e desmatamentos sumários;
  • Segunda fase: desde o neolítico, aparece uma agricultura mais ou menos organizada, para proveito de um pequeno número de nobres e do clero. Os operários da época, cujo trabalho era a condição de sobrevivência social, são os escravos ou servos ligados a essas glebas;
  • Terceira fase: pouco a pouco, ainda na Idade Média, os verdadeiros agricultores se diferenciam no interior das populações de escravos e se organizam as primeiras unidades agrícolas mais ou menos independentes em áreas periféricas aos  feudos, concedidas pela igreja ou pelos senhores feudais. A Revolução Francesa, em 1789, acelera este processo na França e na Europa. Dois sistemas se caracterizam nesta fase: um, baseado na tração bovina e, outro, na tração por cavalos, tradição esta retomada da Antiguidade, com grande importância durante a Renascença e atingindo seu apogeu no século XIX;
  •  Quarta fase: no fim do século XIX e durante todo o século XX, as teorias econômicas substituem, gradativamente, a então “economia rural”, implantando a lógica do rendimento financeiro (regimes capitalistas) ou político (regimes socialistas). O objetivo de uma exploração agrícola deste tipo é o da acumulação de capital através da sustentação de uma
    economia de consumo de massa. A modernização agrícola aparece como um processo científico e técnico de “libertação” da atividade produtiva dos contratempos do meio físico
  • Quinta fase: No final do século XX surge um ideário agronômico novo, que transforma a agricultura de nível nuclear, familiar, em outra de abrangência do Estado e, se possível, do global. Trata-se da gestão, conservação e recuperação do meio ambiente global. O termo ecologia recobre em parte esta concepção da ação do homem sobre seu meio ambiente. Trata-se, de fato, de algo muito mais amplo: pode-se  falar de uma “agronomia global”, que aborda as relações das pessoas com seu ambiente natural.

História da Agronomia

A ciência agronômica surgiu no Brasil, na segunda metade do século XIX, resultante da gradativa extinção da escravidão, do declínio da cana-de-açúcar no nordeste e da pecuária no sul. A aristocracia agrária em processo de decadência, no nordeste devido ao deslocamento do eixo econômico do país para o sudeste, com a lavoura do café, pressionava continuamente o governo imperial, na busca de uma solução para o problema de mão-de-obra, comércio e competitividade de seus produtos agrícolas. Desta situação, nasceu em 1859 o Imperial Instituto Baiano de Agricultura, com o objetivo de desenvolver uma tecnologia capaz de substituir a mão-de-obra escrava e melhorar a produção das lavouras. No ano de 1875, também na Bahia, foi fundada a primeira escola de Agronomia no Brasil, na comunidade de São Bento das Lages. Esse curso está hoje integrado a Universidade Federal da Bahia, no campus de Cruz das Almas, no interior do estado. A segunda escola foi criada em Pelotas, no Rio Grande do Sul, no ano de 1883. Hoje, é parte integrante da Universidade Federal de Pelotas. As duas primeiras escolas de Agronomia no Brasil foram criadas, portanto, ainda no governo imperial, vinculadas aos interesses da aristocracia agrária. Após o surgimento da Agronomia, o sistema de produção agrícola, passou a receber incrementos crescentes de recursos externos. A posse do saber agrícola, historicamente acumulado no homem do campo, foi gradativamente deslocada para os meios intelectuais e incorporada na tecnologia, na condição de propriedade do capital, aprofundando a divisão entre a concepção e a execução do processo produtivo, restando para o homem do campo o trabalho braçal. Na região sudeste, a presença da mão-de-obra imigrante, substituindo a mão-de-obra escrava, e o domínio absoluto do café brasileiro no comércio internacional retardaram a demanda pela Agronomia. Do início do Brasil Republicano até o período do pós-guerra, aproximando-se dos anos sessenta, a agricultura essencialmente agroexportadora e a oligarquia que a comandava foram perdendo força. O espaço agrícola foi também sendo ocupado pela agricultura diversificada, praticada pela força do trabalho familiar e direcionada ao mercado interno, em substituição às importações. Nesse período, a ciência agronômica, inteiramente vinculada ao estado, era comandada a partir do Ministério da Agricultura que fomentava a produção agrícola diversificada. A tecnologia era importada e, prioritariamente, dirigida à atividades como o beneficiamento do café e do algodão. Vale a pena ressaltar que o ensino de Agronomia no Brasil só foi criado e regulamentado, oficialmente, 35 anos após o surgimento da primeira escola, através do Decreto n° 8.319, de 20 de outubro de 1910. O principal objetivo desse decreto, que regulamentou o ensino, foi o de disciplinar a formação de mão-de-obra para a agricultura. Muito diferente de preocupar-se com a formação profissional do Engenheiro Agrônomo voltado para o desenvolvimento agrário, o decreto não deixava dúvida sobre o papel deste profissional nas políticas de governo. “O ensino agronômico visa a instrução técnica para o desenvolvimento das grandes propriedades”. Não fazia qualquer menção às questões sociais do campo e à agricultura familiar. Na década de sessenta, a agricultura brasileira começou a sofrer uma acentuada transformação tecnológica, orientada por um processo de internacionalização baseada em pacotes tecnológicos, gerados a partir da Revolução Verde e difundidos mundialmente pelo capital multinacional. O novo modelo agrícola, priorizava a produção de culturas de exportação, fornecedoras de matéria prima para o processamento industrial. A agricultura ficou comprimida, transformando-se num sub-setor industrial, compondo a agroindústria. Esse processo de transformação passou a ser chamado de modernização da agricultura. O ensino da Agronomia, que era controlado pelo Ministério da Agricultura, passou para o Ministério da Educação e Cultura, através do Decreto n° 60.731, de 19 de maio de 1967. Hoje, existem no Brasil 70 cursos de Agronomia funcionando regularmente. Esses cursos, no seu conjunto, oferecem, aproximadamente, seis mil vagas por ano. O reconhecimento do trabalho do Engenheiro Agrônomo só veio acontecer muito tempo após o surgimento da Agronomia no Brasil. Em 12 de outubro de 1933, o Decreto presidencial no 23.196 regulamentou o exercício da profissão de Agronomia. Portanto, somente cinqüenta e oito anos após a criação da primeira escola de Agronomia, é que foi oficializada a existência desse profissional. Esta data da regulamentação da profissão, 12 de outubro, passou a ser adotada pela categoria como o dia do Engenheiro Agrônomo.

Agronomia

Agronomia ou engenharia agronômica é, dentro das ciências agrárias, um campo multidisciplinar que inclui sub-áreas aplicadas das ciências naturais ( biológicas), exatas, sociais e econômicas que trabalham em conjunto visando aumentar compreensão da agricultura e melhorar a prática agrícola, por meios de técnicas e tecnologias, em favor de uma otimização da produção, do ponto de vista econômico, técnico, social e ambiental. No Brasil a profissão de agronomia é regulamentada pelo Confea - Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia e fiscalizada pelos Conselhos Regionais, instalados em cada estado.

 Área de Atuação: A engenharia agronômica produz pesquisas e desenvolvem as técnicas que melhoram os resultados da agricultura como, por exemplo, manejo de irrigação, quantidade ótima de fertilizantes, maximização da produção em termos de quantidade, melhoria da qualidade do produto, seleção de variedades resistentes à seca, doenças e pragas, desenvolvimento de novos agrotóxicos, modelos de simulação de crescimento de colheita, técnicas de cultura de células in vitro. Elas estudam também a transformação de produtos primários em produtos finais de consumo como por exemplo a produção, preservação e embalagem de produtos lácteos e a prevenção e correção de efeitos adversos ao ambiente (e g., degradação do solo e da água), ou seja, estuda a interação do complexo homem, planta, animais, solo, clima, causa e efeito. As pesquisas agronômicas, mais que as de outros campos, estão fortemente relacionadas ao local em que são realizadas. Fato semelhante ocorre com as técnicas derivadas dessas pesquisas. Assim, esse campo pode ser considerado uma ciência de eco-regiões porque está ligado a características locais de solo e clima que nunca são exatamente iguais nos diferentes lugares geográficos. Os sistemas agrícolas de produção devem levar em conta características como clima, local, solo e variedades de plantas e animais de produção que precisam ser estudados a nível local. Outros sentem que é necessário entender os sistemas de produção de uma forma generalizada de maneira que o conhecimento obtido possa ser aplicado ao maior número de locais possíveis. Os engenheiros Agrônomos atuam de forma eclética e integrada nas atividades rurais, como horticultura, zootecnia, engenharia rural, economia, sociologia e antropologia rurais, ecologia agrícola, etc.

Tecnologia: Atualmente, as ciências agrícolas são muito diferentes das de antes de 1950. A intensificação da agricultura que desde a década de 1960 vem sendo realizada por muitos países desenvolvidos e em desenvolvimento é frequentemente denominada revolução verde. Esta intensificação tem-se baseado na seleção genética de variedades de plantas e de animais capazes de alta produtividade e no uso de insumos artificiais como fertilizantes e produtos que visam aumentar a produção através do aumento da sanidade dos vegetais e animais utilizados. Por outro lado, o dano ambiental que esta intensificação da agricultura vem causando (associado ao dano que o desenvolvimento industrial e o crescimento populacional que essa intensificação permite) estão levando muitos cientistas a criar novas técnicas como o manejo integrado de doenças e de pestes, técnicas de tratamento de dejetos, técnicas de minimização de desperdício, arquitetura da paisagem. Além disso, campos como os da biotecnologia e da ciência da computação (processamento e armazenagem de dados) estão tornando possível o progresso e o desenvolvimento de novos campos de pesquisa, como a engenharia genética e a agricultura de precisão. Desta maneira, atualmente os pesquisadores que trabalham em ciências agrícolas e nas ciências a ela associadas equacionam o problema de alimentar a população do mundo ao mesmo tempo em que previnem a ocorrência de problemas de biossegurança que possam afetar a saúde humana e o ambiente. Este é o motivo pelo qual eles buscam promover um melhor manejo de recursos naturais e do respeito ao ambiente. Os aspectos sociais, econômicos e ambientais são temas que estão em debate atualmente. Crises recentes, como a doença da vaca louca (encefalopia espongiforme bovina) e o debate sobre o uso de organismos geneticamente modificados ilustram a complexidade e importância deste debate.